imagem: http://www.fisfar.ufc.br/petmedicina/images/stories/amigdala.jpg
Medo, segundo os dicionaristas, é um estado emocional
resultante da consciência de perigo ou de ameaça, reais, hipotéticos ou
imaginários.
A partir da identificação do sinal de perigo, há uma
descarga de adrenalina em nosso corpo, com a conseqüente aceleração cardíaca. É
possível que ocorram tremores, transpiração excessiva, taquicardia e maior ou
menor percepção do que ocorre ao redor. No grau mais elevado de medo, chamado
pavor, é possível que ocorram dificuldades respiratórias e palpitações,
calafrios, náusea, tontura, calafrio, dor no peito, taquicardia, falta de ar,
formigamento, tremores, alterações de consciência, vômitos e mesmo vertigens ou
desmaios.
O problema, portanto, não está em sentir medo. Ao
contrário: medo é uma forma de proteção, um instinto de segunda classe,
reprimido socialmente – especialmente em relação aos homens -, mas vital para o
ser humano, porque nos prepara para reações, como a fuga ou a luta, quando
confrontados em situações críticas.
Segundo Freud, sempre haverá duas classes de instintos
permanentemente em oposição: entre os instintos sexuais em oposição aos
instintos do eu e entre os instintos de vida e os instintos de morte.
FOBIA
CONCEITO
A palavra fobia deriva do grego phobia, que significa medo
intenso, ou irracional, aversão, hostilidade. O termo fobia, pois, não pode ser traduzido literalmente por medo, haja vista que fobia é um termo amplo, pois envolve
sensações outras como a hostilidade e a aversão.
Trata-se de um dos transtornos de ansiedade mais comuns e
dos mais estudados distúrbios psicológicos. Fobia é um distúrbio emocional, não
hereditário, caracterizado como o medo irracional, exagerado e persistente em
relação a uma ameaça – objeto
ou situação -, o que pode vir
a comprometer as relações sociais e causar sofrimento àquele que manifesta a
doença, tendo em vista que não há controle voluntário da sensação. Pode se
manifestar em qualquer idade.
O fóbico tem consciência de que sua reação, física e
emocional, é exagerada, mas não consegue evitar que os sintomas sejam
desencadeados.
ORIGEM
Fobia é uma crise de pânico desencadeada
em situações específicas, relacionadas com o psicológico, como o medo de água,
de multidão, de falar em público ou o medo do escuro; com animais, como o medo
específico de cães, gatos, cobras e aranhas, por exemplo; com superstições,
como ocorre com a fobia da sexta-feira 13 ou relativa a determinados números;
com condições fisiológicas, em virtude de uma maior sensibilidade desenvolvida
pelo fóbico, como as fobias a cheiros, sons e luz ou, ainda, com preconceitos e
discriminação, como é o caso da homofobia e da xenofobia.
Pode ter como causa o vivenciar de
uma experiência traumática no passado ou por presenciada pelo fóbico.
Pode ser igualmente originada a partir de uma fixação, trazida pelos costumes
(como é a fobia aos fantasmas, ao bicho-papão), pelo medo relacionado ao
futuro (tal assim a ciberfobia) ou por influências culturais (transmitidas
pelos amigos, meios de comunicação).
Para muitos neurocientistas a causa das fobias estaria
relacionada ao aumento do fluxo sanguíneo e maior metabolismo no lado direito
do cérebro em pessoas fóbicas. A razão biológica como explicação para as fobias
faz sentido, vez que a sensação do medo relaciona-se com a amígdala cerebral.
FOBIA X MANIA
Diferente da fobia,
que é a perturbação que implica em um comportamento de aversão, no medo
exagerado de alguma coisa, há o comportamento oposto, denominado mania, que é o costume
obsessivo de se fazer alguma coisa.
Tanto as fobias como as manias são alterações de natureza
comportamental, não implicando, pois, em distúrbios da personalidade.
TRATAMENTO
Para que o tratamento alcance êxito, os psicólogos devem se
utilizar da dessenbilização sistemática para o tratamento das
fobias. Primeiramente, com a construção de uma escala de medo, desde a
ansiedade (o menor grau de medo) até o pavor (o mais alto grau de medo).
Em seguida, é preciso encorajar o paciente a enfrentar a
situação, reaprendendo a lidar com ela. Dessa maneira, ocorre uma ressignificação para situações que antes gerariam a
resposta de alerta.
O tratamento meramente interpretativo não apresenta ganho
significativo de resultados, vez que é necessária a exposição do paciente, de
forma gradual, àquela situação que desencadeia o medo excessivo, para que,
desenvolvido o estímulo, possa o fóbico aprender a trabalhar o medo.
De toda forma, para que o tratamento obtenha sucesso é
preciso avaliar o tipo de fobia, a tempo de evolução da doença, a forma de
intervenção, a possibilidade de mudanças de hábito do paciente e o
acompanhamento por profissional habilitado.
CLASSIFICAÇÃO
As fobias podem ser classificadas em três tipos básicos: a agorafobia, a fobia social e as fobias
específicas.
AGORAFOBIA OU AGORAPHOBIA
É o medo desproporcional e irracional de situações em que é
difícil escapar. Pode incluir áreas superlotadas, espaços abertos ou situações
susceptíveis de suscitar um ataque de pânico. Os eventos são evitados até o
ponto em que as pessoas que desenvolvem os sintomas deixam, simplesmente, de
sair de casa. Aproximadamente um terço das pessoas com transtorno do pânico
desenvolvem agorafobia.
FOBIA SOCIAL
A fobia social está relacionada com o medo do fóbico de
enfrentar situações sociais e relacionamentos.
FOBIAS ESPECÍFICAS
As fobias específicas relacionam-se a situações especiais e
determinadas, como a proximidade de animais (cobras, ratos, cães, gatos,
aranhas, insetos), a ocorrência de fenômenos da natureza (trovões, vendavais),
exposição a lugares específicos (elevador, avião, trem) ou a determinadas
situações (doenças, dentistas, machucados, AIDS) e etc.
Quanto às espécies de fobias, são elas nomeadas a partir de
um sufixo - que pode ter origem grega, latina ou ser, ainda, um neologismo -, e
um sufixo, fobia. Todas estão relacionadas a uma aversão e medo irracional e
mórbido, desproporcional e persistente.
UMA ÚLTIMA OBSERVAÇÃO
Existem listas que circulam indiscriminadamente
na Internet, criadas a partir de fontes não confiáveis, em geral fruto do
copiar e colar, prática conhecida como span
de conteúdo e
utilizada para atrair os sites de busca.
Muitos
sites pretensamente psiquiátricos parecem, à primeira vista, abranger um número
extraordinário de fobias. No entanto, utilizam-se de um texto padrão, no qual
adaptam nomes ao sufixo fobia, resultando, inúmeras vezes, em definições
estapafúrdias, como o bizarro termo ANTROFOBIA, significando medo
ou aversão às flores, quando o significado do termo grego “antron” e do
latino “antrum” é “cavidade, espaço oco, caverna” e ANTROPOFOBIA, como
o medo ou aversão mórbida, irracional e desproporcional aos relâmpagos, quando
“antropo” não significa menos do que “homem”. Outra “pérola” é a
definição de APEIROFOBIA, como medo ou aversão “aos
apetrechos de lavoura, ou de quaisquer instrumentos de trabalhos, artes ou
ofícios”. O que liga “apeiro” a instrumentos de trabalho? Nada. Isto
porque o significado de “apeiro”, do grego ápeiros, infinito, vincula a
fobia ao infinito. Portanto, APEIROFOBIA somente poderia
designar o medo de infinito. Mais um exemplo pode ser citado em uma lista
excepcionalmente divulgada, em que o significado de ATIQUIFOBIA relaciona
a fobia a “decisão tomada por uma pessoa competente sobre um assunto
controvertido”, sendo que a seguir, no mesmo rol, é definida a
palavra ATYCHIFOBIA, de mesmo radical, como a fobia a “errar,
transgredir ou sofrer acidentes”. O que tais alhos tem a ver com os
bugalhos? Como explicar a falta de simples leitura, onde seria averiguada com
facilidade a discrepância? Outro
mau exemplo é BIOFHOBIA ou BIOFOBIA,
traduzido como o medo desproporcional e irracional “à vida e ao convívio com
o gênero humano”. Ainda que o sufixo “bio” remeta à vida, a dedução não foi
feliz. Isto porque BIOPHOBIA ou BIOFOBIA e o medo ou aversão mórbida,
irracional e desproporcional aos sistemas naturais. A respeito, indiquei
diversos e interessantes artigos na bibliografia deste trabalho. Mais outra
definição estrambólica é a de EXOFOBIA.
Ao que se sabe, o prefixo “exo”, originário do grego ékso, significa “fora”.
Pois bem, em listas divulgadas, exofobia foi definida – e diversas vezes divulgada - como “o medo ou aversão mórbida, irracional e desproporcional ao sexo oposto”.
Não faz o menor sentido, porque exophobia é uma rejeição do desconhecido, de
coisas novas, complexas e diferentes, do estrangeiro, do intangível, de tudo o
que se traduz em uma experiência fora da normalidade. É aplicada, de forma
extensiva, aos imigrantes ou grupos de imigrantes. Em outra definição, tomou-se
FILOFOBIA por “medo de cair”. Não é
correta: filo, em grego, significa amor. Daí o termo FILOFOBIA poder ser traduzido como o medo do amor. A confusão talvez se deva a uma má tradução do termo
“fall in love", do inglês, que
significa se apaixonar. Há a
definição de FONOFOBIA como sendo a
“aversão ao móvel”. Da mesma forma não faz sentido. É sabido que fono
relaciona-se com sons. Por extensão, a ruídos e vozes, mas jamais “ao móvel”. Outra
“invenção” infeliz deu-se quanto ao significado de LYSSOFOBIA. A definição “o medo ou aversão mórbida, irracional e desproporcional a enojar-se” não
tem qualquer embasamento, seja técnico, seja terminológico. LYSSOFOBIA é
o medo ou aversão mórbida, irracional e desproporcional a ter um acesso de
fúria. O termo lysso, em grego,
significa uma desordem mental específica ou uma preocupação obsessiva com
alguma coisa; loucura, obsessão ou desejo anormal para ou com algo ou alguém,
também um entusiasmo excessivo ou predileção por alguma coisa. LYSSOFOBIA
pode significar, pois, o medo da loucura ou o de sofrer um colapso nervoso. PNEUMATIFOBIA
definiu-se como “o medo ou aversão mórbida, irracional e desproporcional ao álcool”, quando é, em verdade, “o
medo ou aversão mórbida, irracional e desproporcional aos espíritos”.
Por esse motivo os verdadeiros especialistas tendem a
evitar o sufixo fobia, utilizando-se, pois, de termos mais descritivos,
como transtornos de ansiedade (que não se confundem com os transtornos de personalidade)
e que os diferenciam daqueles
que, não se aprofundando na matéria, limitam-se à simples cópia.
Ante um termo que não apresentasse respaldo lógico ou morfológico,
descartei-o, entre tantos, vez que não encontra respaldo na literatura médica ou
em sites confiáveis, mas apenas em dezenas de reproduções de uma lista de
“fobias”, não confiável. Dispensei, de igual forma, aqueles termos reproduzidos
de uma única lista, não corroborados pelos sites científicos. Exemplos são PARAKAVEDEKATRIAFOBIA,
definido em um site brasileiro como a “fobia
à sexta-feira treze” e PECCANSOFOBIA, PECCANTIAFOBIA e PECCATELAFOBIA, estes traduzidos pelo
medo ou aversão mórbida, irracional e desproporcional “ao pecador ou ao que comete pecado”, PHILOOFOBIA, como o
medo ou aversão mórbida, irracional e desproporcional da filosofia, entre
tantos outros.
Tudo é válido para angariar visitas à página? Creio que
não. É preferível checar, ao menos, os significados, pesquisar ramos afins ao
ramo em que se trabalha ou estuda, ainda que a tarefa acarrete o gasto de um
tempo que poderia ser destinado a outros afazeres. Por respeito àquele que lerá
o texto, no futuro. Ou, quem sabe, pela satisfação de ter dado o seu melhor. De
toda maneira, após pesquisar cada termo, segue nas demais postagens uma lista
de fobias, que entendo, ao menos, razoável.
CONCLUSÃO
Ao final do estudo é possível concluir que ninguém está
imune às fobias. Ao contrário: convivemos com elas, pois fazem parte de nossas
vidas. Assim, todos nós temos fobias, que se manifestam em determinadas
situações.
O limite que separa a normalidade da patologia surge quando
a fobia transforma-se em um limitador, uma barreira para a convivência social,
o trabalho e o desenvolvimento pessoal.
Sempre será possível, quando a fobia torna-se crônica,
vencê-la. Muitas vezes, o medo, mórbido,
pode dissipar-se com o passar do tempo e a compreensão do próprio fóbico,
mediante o enfrentamento da situação-gatilho; noutras, entretanto, será
necessário o acompanhamento de um profissional especializado.
BIBLIOGRAFIA
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cadeira de Medicina Legal, da Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo
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NEVES, Aldina. Sentimento de abandono e rejeição materna
dentro de um processo de
ludoterapia: estudo de
um caso clínico. Monografia. 2006. Disponível em http://www.ipedapae.org.br/adm/site/arq_download/arq_11.pdf
As fobias específicas serão publicadas individualmente, com
os comentários pertinentes.
Um comentário:
muito muito bom esse blog serio eu tava fazendo um trabalho muito complicado e vcs me ajudaram muito valeww!!!!
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